A inflação cresceu, o desemprego aumentou e as vendas de Natal decepcionaram. Não, os dados acima não se referem ao Brasil, mas sim aos resultados da maior economia mundial no último ano, a norte-americana. As informações que por muito tempo, num passado bem próximo, ocuparam as manchetes dos jornais brasileiros, agora assustam a comunidade internacional. O temor de que o mau desempenho dos indicadores dos Estados Unidos contaminem as esperanças brasileiras existe. No entanto, na avaliação de analistas, diferentemente das crises financeiras internacionais anteriores, o Brasil hoje parece ter trunfos nas mãos, suficientes, inclusive, para atravessar um "período de chuva sem se molhar muito", segundo economistas brasileiros. Cenário brasileiro "Nossa vulnerabilidade desta vez é muito menor", disse Antonio Corrêa de Lacerda, professor de economia da PUC São Paulo. Segundo ele, nos últimos cinco anos, o Brasil somou um superávit na balança comercial de US$ 53 bilhões contra um déficit de US$ 114 bilhões registrados nos cinco anos anteriores a 2003. Produzindo superávit, reduzindo a dívida externa e aumentando reservas, o país tem hoje uma capacidade para enfrentar a crise dentro de uma situação mais favorável, reforçou. "O que não garante, porém, uma blindagem aos problemas externos, mas sim maior autonomia sobre a economia doméstica", alertou. O Brasil se diferencia dos EUA também na área de crédito. Mesmo com aumento da oferta no país, inclusive para classes de menor poder aquisitivo, nem de longe há ameaças tão sérias sobre inadimplência. Perda de riquezas "Aqui o crédito representa cerca de 33% do PIB, enquanto lá supera 100%", disse o economista Francisco Pessoa, da LCA Consultores. "Os EUA estão passando pela perda de riquezas e insegurança em relação ao crédito. O Brasil, ao contrário, experimenta um cenário de crescimento robusto e aumento da confiança do consumidor." Até mesmo os efeitos comerciais, com uma possível redução das vendas para os EUA também não assustam tanto como no passado. "Os norte-americanos, que já foram os maiores compradores de produtos brasileiros, hoje ocupam o terceiro lugar nas exportações nacionais", acrescentou Luís Afonso Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet). A divulgação recente de indicadores de 2007 - que informam um crescimento de cerca de 6% na indústria, 10% no comércio e 31% na geração de empregos formais, em relação ao ano anterior - sinalizam que os números devem continuar fortes para o Brasil. Em caso de agravamento da crise, o país será afetado, mas deve continuar apresentando boas taxas de crescimento. Fonte - JB Online

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Publicado em: 2008-01-21

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